- Para mulheres sem cancro da mama
A Menopausa caracteriza-se pelo desaparecimento da secreção do estrogênios ováricos e define-se pela interrupção dos ciclos menstruais durante um ano seguido. Em média, este período dá-se por volta dos 51 anos de idade. Antes da menopausa, há um período durante o qual os ciclos menstruais vão mudando, inicialmente com uma diminuição da duração e, depois, um alongamento progressivo com o desaparecimento das ovulações.
O Período perimenopausico, que se inicia por volta dos 45 anos, está associado a algumas modificações metabólicas como o aumento de peso, insulinorresistência e alterações cardiovasculares. Estas modificações metabólicas podem condicionar, mais tarde na vida, doenças oncológicas e cardiovasculares. Alguns sintomas climatéricos (característicos da menopausa) podem antecipar-se à menopausa e aparecer neste período, como afrontamentos, secura vaginal, embora não se verifique em todos os casos. Não é raro que as mulheres notem um aumento do peso mesmo que, até esta idade, nunca tenha acontecido. As modificações metabólicas estão associadas a uma repartição da gordura para o abdómen, sintoma de insulinorresistência.
Assim, a transição menopausica é um período que permite avaliar e prever os riscos da mulher no que respeita a doenças cardiovasculares, oncológicas ou osteoporose. Neste sentido, é importante dar a conhecer ao médico todo o seu historial como os casos de cancro na família (mama, colo do útero, ovário), de doença cardiovascular, de trombose venosa ou de fraturas da anca seguida a uma queda moderada (cair da sua altura).
Os cancros da mama, do colo do útero, do endométrio e as doenças cardiovasculares são mais frequentes em pessoas com obesidade e diabetes. Perder peso em qualquer idade vai ajudar a diminuir estes riscos. É, por isso, também importante conhecer as recomendações para a nutrição e o estilo de vida saudável, para prever uma parte das doenças modificadas pelo estilo da vida. Importa fazer uma atividade física de 300 minutos/semana, comer à volta de 800mg/1g /dia de cálcio, não comer gorduras em excesso (charcutaria, queijo, fritos…) nem hidratos de carbono e consumir uma quantidade suficiente de proteínas, a fim de conservar um peso normal (IMC<25).
Parar o tabagismo é fundamental para diminuir riscos de cancro do pulmão, da bexiga e cardiovasculares. Limitar a ingestão de álcool é também fundamental para prevenir os cancros digestivos e da mama. Tabagismo e álcool são ainda fatores de risco da osteoporose e de fraturas. Praticar desporto em carga é uma parte da prevenção da osteoporose. Caso haja história familiar de fratura da anca ou outro fator de risco de osteoporose (IMC<18.5, história de amenorreia, tratamento por corticoides, história de fratura espontânea), deve avaliar-se a mineralização óssea, pela densitometria óssea.
Nos casos de sintomas climatéricos importantes com impacto na qualidade de vida, o tratamento hormonal (THM) pode ser considerado. Indicações ou contraindicações para um THM serão discutidos, a partir do nível de risco cardiovascular e de cancro da mama. THM pode ser indicado ou contraindicado seguindo esta avaliação e pode ajudar a prever alguns riscos (especialmente osteoporose, e diminuição do risco do cancro do colo do útero) e melhorar significativamente a qualidade de vida das pacientes com sintomas climatéricos.
Estudos randomizados mostraram uma mortalidade mais baixa entre as mulheres de 50-60 anos com um THM. Nos casos em que o THM seja contraindicado, podem ser aplicados tratamentos alternativos.
Por último, frisar ainda que os tratamentos tópicos (intravaginais) por estrogénios não têm contraindicações, à exceção dos inibidores de aromatase para o cancro da mama ou historial de cancro do endométrio.
Dra. Anne Gompel
Ginecologia Médica e Endocrinologia
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