A harmonia, e o bom funcionamento do nosso organismo, resulta de três condições essenciais à vida: a respiração, o movimento e a nutrição. Quando uma delas é insuficiente ou é descuidada, o organismo entra em desequilíbrio, dando origem ao aparecimento de inúmeras manifestações patológicas, muito particularmente, o cancro. 

Entre os principais fatores de desarmonia interna, destacam-se o excesso de trabalho; a falta de descanso e/ou de lazer; uma alimentação inadequada, longos períodos de jejum ou falta de respeito pelos horários apropriados; a dificuldade em lidar com as emoções pela ausência de períodos de silêncio, interiorização ou de reflexão e, sobretudo, a falta de exercício e de movimentos adequados ao longo da vida. 

Além dos fatores patogénicos que estão na origem da doença, mas também, devido aos tratamentos, geralmente muito agressivos, utilizados em oncologia, o(a) paciente apresenta, geralmente, fadiga e grande falta de energia, pelo que, qualquer tipo de exercício convencional se afigura como uma tarefa demasiado árdua, desmotivante, difícil de executar e, do ponto de vista terapêutico, não recomendável.

O objetivo é, portanto, incentivar a prática de um tipo de exercício que privilegie determinados movimentos, fáceis de executar, que ajudem a repor a energia perdida pelo desgaste da doença e dos tratamentos e, simultaneamente, possam reequilibrar o corpo e a mente através do movimento adequado de cada parte do corpo e de uma respiração baixa e tranquila para que todo o organismo se beneficie.

Referimo-nos a práticas e técnicas milenares tais como o Tai Qi ou o Qi Gong, este último menos conhecido e ainda pouco praticado entre nós, mas considerado, há mais de quatro milénios, pelos grandes mestres das artes orientais, como uma prática com grande poder de cura. 

Vejamos, então, e sumariamente, o que é o Qi Gong e onde reside o seu poder:

  • “Qi” significa energia, a energia de que precisamos para que o corpo possa funcionar, é a energia que nutre o corpo e movimenta o sangue. Se a energia flui de forma equilibrada, temos saúde, se a energia se desequilibra, surge a dor, o tumor ou qualquer outra doença.
  • “Gong” significa movimentar, manipular, cultivar. 
  • “Qi Gong” é, assim, a arte de movimentar ou de cultivar a Energia Vital que nos mantém vivos e em equilíbrio.

O Qi Gong tem várias origens filosóficas, por isso, existem diversos tipos de Qi Gong. O mais praticado é o Qi Gong dinâmico. Neste, os exercícios são feitos com movimentos suaves ou vigorosos, tendo por objetivo, trabalhar a mobilização do sangue e da energia, desobstruindo bloqueios ou estagnações de sangue ou de energia, fortalecendo os músculos, ligamentos, articulações e todo o sistema ósseo, em geral.

Cada exercício ou movimento tem por objetivo manter, ou reequilibrar, a função de um órgão específico, de acordo com a teoria dos 5 Elementos da Medicina Tradicional Chinesa. Desta forma os exercícios não são os mesmos e não se aplicam a todas as situações. É importante traçar o percurso do adoecimento do paciente para saber qual ou quais órgãos estão envolvidos e, nessa sequência, selecionar o conjunto de exercícios a indicar ao(à) paciente para que os pratique diariamente.

 O poder do Qi Gong reside no facto de cada movimento, convenientemente orientado e executado, atuar diretamente no sistema energético do corpo, ajudando a ligar o corpo, a mente e o espírito para que, em conjunto, possam funcionar em total harmonia, já que não estão separados, permitindo, desta forma, corrigir desordens do sistema imunitário e condições crónicas de diversa natureza, auxiliar no tratamento de qualquer tipo de cancro, bem como reduzir os efeitos debilitantes dos tratamentos oncológicos.

Faro, Maio de 2024

Georgina Fonseca, www.centro-homeopatia.pt

Master em Homeopathic Medicine B.I.H., Nutrição Ortomolecular, Naturopatia

Monitora de Yoga e de Qi Gong

Centro de Homeopatia do Algarve – Estoi- Faro

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