É crucial compreender que a pele é muito mais do que uma barreira física do nosso corpo. Na jornada que são os tratamentos oncológicos, cada cuidado com a pele é uma expressão de amor próprio e um gesto de autocuidado. Neste caminho cheio de desafios, a pele fragilizada devido aos tratamentos, é o reflexo da resiliência e da força interior. Os cuidados dermatológicos são essenciais para evitar complicações e para oferecer conforto e bem-estar.
O impacto dos tratamentos oncológicos pode ser significativo e varia de acordo com o tratamento, duração, área do corpo afetada, condições médicas pré-existentes, fatores individuais e estado prévio da pele. A pele pode ser afetada de diversas formas, desde irritações, vermelhidão, prurido até situações de secura extrema nas mãos e nos pés e que podem comprometer as atividades diárias.
É por esta razão que os cuidados a ter com a pele são fundamentais durante a fase de tratamentos, mas igualmente necessários antes da sua realização para promover o reforço da barreira cutânea e a sua integridade. E, em última análise, para contribuir para a continuidade e sucesso dos tratamentos.
Em qualquer rotina de cuidados diários, a higiene é o primeiro passo. Durante os tratamentos, é importante tomar banhos mornos, evitando água muito quente, que pode secar ainda mais a pele. A escolha deve recair por produtos de higiene suaves, sem sabão e sem perfume, hipoalergénicos e com pH fisiológico para evitar irritações adicionais.
Após o banho, segue o segundo passo: a hidratação. Para mitigar a sensação de desconforto, de repuxar e de prurido, é recomendado aplicar um cuidado hidratante, no mínimo, 1 vez por dia, no rosto e no corpo. Opte por cremes ou bálsamos, sem perfume e de rápida absorção para minimizar a irritabilidade da pele. A hidratação é um ato de prazer e carinho consigo mesmo, uma oportunidade de nutrir não só a pele, mas também a mente através de um momento de relaxamento. Aproveite para aquecer o creme na palma das mãos e aplicar com movimentos circulares que proporcionam uma sensação de bem-estar.
Durante o tratamento, podem ocorrer alterações na pele que necessitam de cuidados mais específicos. Situações como sensação de queimadura, zonas maceradas, pequenas borbulhas no corpo e no rosto são comuns e surgem como consequência de certos tratamentos. Nesta fase é importante acalmar e regenerar a pele. Os cuidados cicatrizantes e reparadores são fundamentais. Sem esquecer que qualquer alteração na pele que ocorra deve ser comunicada aos profissionais de saúde.
O último passo diz respeito à fotoproteção. O sol é uma fonte de vitalidade e energia que nos envolve com a sua luz radiante e calor reconfortante. No entanto, essa mesma luz pode torna-se uma fonte de preocupação. A pele da pessoa com doença oncológica é particularmente vulnerável aos danos causados pela exposição solar. Para haver um equilíbrio entre absorver a energia revigorante do sol e resguardar a pele, a resposta reside na prática de cuidados conscientes. É essencial usar protetor solar de amplo espectro, SPF adequado (mínimo 30, idealmente igual ou superior a SPF50+), e reaplicá-lo regularmente, especialmente antes de sair de casa, durante atividades ao ar livre ou após sessões de radioterapia.
Que cada cuidado com a pele seja mais do que um ato físico, mas também uma celebração da vida, da esperança e de resiliência. O autocuidado com a pele é um lembrete do poder transformador que está nas suas mãos.
Liliana Campos
Medical & Training Manager
Laboratórios Dermatológicos D’Uriage Portugal
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