Quando falamos em Cancro, e nos profissionais que lidam com o mesmo, devemos ter em atenção à complexidade que a Doença Oncológica detém em si. Impacta não só a Pessoa diagnosticada, como a sua Família e a sociedade civil na qual a pessoa se insere.
Enquanto profissionais de saúde que lidam com esta doença, seja em contexto de prevenção no âmbito dos rastreios, quer em contexto de tratamento ativo, devemos ter o intuito de consciencializar, melhorar a educação e promover a ação pessoal e coletiva, na luta contra o cancro. O acesso ao diagnóstico precoce e a tratamentos oncológicos deve ser igual para todos, independentemente do nível de instrução, rendimento ou local de residência.
Quando falamos de cancro não podemos ficar indiferentes ao constante aumento da sua incidência. O risco de desenvolver cancro aumenta com a idade. No entanto, importa referir que a incidência, está igualmente a aumentar em camadas mais jovens, fruto de fatores não totalmente esclarecidos, mas que poderão ter que ver com a exposição a fatores ambientais e hábitos de vida menos saudáveis.
A Oncologia, enquanto disciplina médica dedicada ao estudo e tratamento do cancro, não só impacta a pessoa com o diagnóstico, mas também pratica um efeito expressivo na sua família, a sua rede de apoio. Esta interligação entre a Oncologia e o impacto na Família revela-se complexa, manifestando-se de vários modos, entre eles:
- Emocional – O diagnóstico de cancro pode gerar elevado stress emocional na família. A incerteza, o medo e a ansiedade são sentimentos partilhados por todos os intervenientes presentes neste cenário. O apoio emocional é essencial para ajudar todos a lidar com estas emoções.
- Cuidados e Apoio – A família frequentemente desempenha um papel crucial nos cuidados e apoio à pessoa diagnosticada com cancro. Isso pode incluir assistência nos cuidados físicos, transporte para tratamentos, ajuda nas atividades, entre outros.
- Mudanças na dinâmica familiar: A dinâmica familiar muitas vezes sofre alterações substanciais. Os papéis podem transformar-se à medida que a família se adapta às novas necessidades e desafios.
- Comunicação: A comunicação aberta e eficaz é fundamental! A partilha de preocupações, medos e necessidades são fator chave durante todo a jornada. Isso pode fortalecer o apoio mútuo e ajudar a encarar os desafios em conjunto.
- Saúde Mental: O impacto emocional não se confina à pessoa com o diagnóstico, longe disso. Membros da família podem também enfrentar um conjunto de sinais e sintomas com impacto na sua saúde mental, sendo crucial reconhecer a necessidade de apoio psicológico. A procura de aconselhamento ou terapia pode e deve ser benéfica para todos os envolvidos.
- Rede de Apoio: A família pode beneficiar ao procurar suporte em grupos específicos de apoio como o são as várias associações de doentes espalhadas por todo o país. Partilhar experiências com outras pessoas que enfrentam situações semelhantes pode proporcionar conforto e conhecimento.
É imperativo reconhecer que cada Família é única, e o impacto do cancro pode variar. O apoio contínuo, a compreensão e a adaptação são essenciais para auxiliar a família a enfrentar os desafios associados ao diagnóstico e tratamento do cancro. Ainda existem diversos mitos e preconceitos associados à doença oncológica. Trazendo o discurso para a sociedade civil, através de diversas plataformas, sejam conversas entre amigos e família & artigos & palestas, podemos abrir portas ao debate e normalização desta problemática.
João Vasco Barreira, @thetwindocs
Especialista em Oncologia Médica, CUF Oncologia & AIM Cancer Center
Pedro Barreira, @thetwindocs
Especialista em Medicina Geral e Familiar, CUF Belém e Miraflores & AIM Cancer Center
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