Doentes oncológicos podem ter de viajar 600 km por dia para fazer radioterapia

A Associação Oncológica do Algarve (AOA) manifesta, publicamente, a sua preocupação perante a possibilidade de os doentes oncológicos da região do Algarve terem de começar a dirigir-se diariamente a Sevilha para a realização de tratamentos de radioterapia. O percurso vai obrigar os doentes a perder um dia inteiro, em viagem, para realizar um procedimento de 15 minutos, comprometendo gravemente a sua qualidade de vida.

A possibilidade surge na sequência de um concurso público internacional, lançado pelo Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), que terá culminado na realização de um sorteio. Em caso de adjudicação, irá atribuir a exploração da radioterapia a um grupo espanhol, cujos tratamentos serão realizados em Sevilha.

“Esta é uma situação muito grave e que deve ser revista, pois, para além de ser um atentado enorme aos direitos dos doentes oncológicos, compromete a qualidade de vida, numa etapa tão importante do tratamento e numa fase em que estes se encontram tão fragilizados”, adianta Maria de Lurdes, presidente da Associação Oncológica do Algarve.

“Mesmo com o transporte assegurado pela empresa espanhola, um doente que viva em Sagres, por exemplo, terá de fazer uma viagem de 600 quilómetros (ida e volta), num percurso com várias paragens, para realizar um tratamento que demora apenas 15 minutos, todos os dias, por um período de 4 a 8 semanas. A acontecer, esta situação representa um retrocesso de 16 anos e remete-nos para a altura em que os doentes tinham de ir a Lisboa fazer estes tratamentos”, conclui.

Devemos salientar que, com o apoio da sociedade civil, da Associação dos Municípios do Algarve (AMAL), da União Europeia e outras entidades foi possível construir a Unidade de Radioterapia, em Faro, obtendo, por despacho de sua Excelência o Ministro da Saúde, licença de importação do equipamento. 

A Associação Oncológica do Algarve fez já chegar uma carta com um pedido de esclarecimento ao CHUA, com o conhecimento da Presidência da República, do Ministério da Saúde e da ARS Algarve.

A Associação Oncológica do Algarve é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sem fins lucrativos de utilidade pública, com fins de saúde, que, desde 2005, realiza o rastreio do cancro da mama, no Algarve. Enquanto associação que representa os doentes oncológicos da região, promove diversas iniciativas de apoio a estes doentes, durante e após o tratamento. Todos os fundos angariados pela associação são aplicados em iniciativas para o doente oncológico.

Contactos:

918 387 112 (Enfermeiro Jaime Ferreira)