A pele da pessoa com doença oncológica é particularmente vulnerável aos danos causados pela radiação solar. A exposição solar desprotegida pode não só ter impacto nos tratamentos oncológicos, como aumentar o risco de desenvolver cancro de pele. A proteção solar deve ser vista como um passo imprescindível na rotina diária. E para falar deste tema, não há forma melhor que responder às questões e preocupações mais frequentes.
Sabia que a radiação solar é dividida em UVA/UVB/UVC?
Existem diferentes tipos de radiação UV. No que diz respeito à radiação UVA, é a que tem maior capacidade de penetração na pele e está associada ao envelhecimento precoce uma vez que é responsável por destruir a fibras de colagénio e elastina. A radiação UVB atinge principalmente a camada superficial da pele, causando queimaduras solares e contribuindo para o cancro de pele. Se nunca tinha ouvido falar de UVC é porque das três, embora seja a mais energética, é bloqueada pela camada de ozono, e, portanto, não atinge a superfície terreste.
Durante os tratamentos tenho de deixar de ir à praia?
É importante considerar evitar a exposição solar direta durante os horários compreendidos entre as 11h e as 16h. Estes horários não são indicados para idas à praia ou piscina. Atividades ao ar livre como caminhadas, desporto ou jardinagem também devem ser realizadas fora desta janela temporária. Isto não significa que não possa aproveitar os beneficios da radiação solar, mas escolha fazê-lo de forma que o seu corpo agradeça e sempre com proteção.
Mas afinal, qual é o protetor solar ideal para a pessoa com doença oncológica?
O ideal é usar um protetor solar com amplo espectro de proteção, ou seja, que proteja contra os raios UVA e UVB. Deve optar por escolher um protetor solar, no mínimo, SPF30. Além disso, a fórmula deve ser sem perfume e com rápida absorção para minimizar a sensação de desconforto.
SPF 15, 30 ou 50+, o que representa?
SPF, Sun Protection Factor ou Fator de Proteção Solar corresponde ao número que indica quanto tempo o protetor solar protege a pele contra os raios UV. Simplificando, uma pele desprotegida que começa a queimar após 10 minutos de exposição ao sol, ao utilizar um protetor solar com SPF30, vai permitir que fique 30 vezes mais tempo (300 minutos) protegido. Sendo que o modo de aplicação é fundamental para maximizar a proteção.
Isso significa que a quantidade de proteção solar aplicada pode afetar a sua eficácia?
A maioria das pessoas aplica menos protetor solar do que é realmente necessário. Neste caso, menos não é mais. Para uma proteção adequada, é importante garantir a aplicação da quantidade certa do protetor solar. Para além da quantidade, o protetor solar deve ser aplicado uniformemente em todas as áreas expostas da pele. Sem nunca esquecer que a reaplicação do protetor a cada duas horas não é uma escolha opcional, mas sim uma necessidade. No caso de exposição solar direta, após um mergulho, transpiração excessiva ou secar com a toalha, é igualmente necessário repor a proteção.
Importância do autocuidado
Adotar medidas práticas, mas conscientes, é uma forma de cuidar de si mesmo durante um período desafiador. É possível enfrentar o cancro com mais segurança e confiança, sabendo que cada medida de proteção, é um passo em direção a uma vida mais saudável e equilibrada. Cuidar da pele é um investimento na sua saúde presente e futura.
Mariana Pereira Pinto
Departamento Técnico-científico
Laboratórios Dermatológicos D’Uriage Portugal
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